Virgulino Prateado, Dama Borboleta e forrozeiro Calixto com a ‘dançarina’ Sebastiana chamam atenção do público e se destacam pelas performances cheias de talento

O forró, em essência e nas múltiplas vertentes desse gênero musical, é o responsável por atrair milhares de pessoas durante os festejos juninos de Sergipe. O ritmo mais amado do Nordeste e os intérpretes dele têm sido, sem dúvida, as estrelas nas noites da Vila do Forró, no Arraiá do Povo. Porém, há outros personagens cujos brilho e talento, também, têm chamado a atenção do público na cidade cenográfica na Orla da Atalaia. São figuras inusitadas, que se destacam pelas indumentárias cheias de capricho e beleza. Com alegria e simpatia, ressaltam e homenageiam a cultura nordestina e sergipana na festa mais popular do estado.

Um dos personagens mais celebrados na Vila do Forró, sem dúvida, é o Virgulino Prateado. Munido de óculos, cartucheira, espingarda e chapéu típicos de cangaceiro, o cearense Antônio Paulino da Silva, cujo nome artístico é Paulinho Prateado, se trasveste como Virgulino Ferreira, o Lampião. O performer pinta o rosto de prata para atuar como estátua viva, arte de rua que requer pausas sem movimento, controle sobre o corpo, além de técnicas e mímicas que prendem a atenção dos espectadores.

Há 15 anos, Paulinho Prateado atua como estátua viva, uma trajetória assinalada em outros estados, como o Rio Grande do Norte, onde morou por alguns anos. Em Sergipe, ele reside há cerca de um ano, entre idas e vindas a Natal, capital potiguar. Costuma performar na Feira do Turista e também participou de outras edições do Arraiá do Povo, ambos na Orla da Atalaia.

Fora da performance como estátua humana, o artista de rua esbanja bom humor, simpatia e carisma para atender ao público que faz questão de um registro fotográfico com ele. “Este ano, está muito bom, tem muita gente, e, assim, a gente mostra nosso trabalho. Estou gostando muito, principalmente do carinho que recebo das pessoas”, revela.

Mais personagens

A venezuelana Luz Rivero também é sucesso na Vila do Forró como estátua viva. Toda vestida e pintada de branco, a artista de rua dá vida à Dama Borboleta. Elegante e altiva em cima de um pedestal, ela surpreende ao abrir imensas asas azuis que contrastam com a alvura da indumentária. “Tem gente que vê, admira muito, fica encantada. As crianças são as que respeitam mais nosso trabalho. Os adultos nem sempre compreendem direito e, às vezes, nos dão sustos, querem tirar nossa atenção. Faz parte. Mas mantenho a concentração”, descreve num português fluente.

Luz Rivero é casada com Toni Aranguren, que também atua como estátua viva. Ele é o Mago Levitador, mas não estava perfomando na Vila do Forró. O casal desenvolve a arte de rua há mais de 12 anos, dos quais seis foram vivenciados no Brasil, especificamente em 17 estados. Em Sergipe, eles residem há cerca de 1 ano e meio. A Dama Borboleta, inclusive, é personagem bastante conhecida no Centro de Aracaju e já havia participado da festa junina na Orla em outras edições. 

Por amor ao forró

Mais um personagem de destaque na Vila do Forró é o forrozeiro Calixto com a ‘dançarina’ Sebastiana, um manequim acoplado a ele, o que garante movimentos sincronizados. Interpretado por Nicanor Calixto, sergipano de Ilha das Flores que mora em Aracaju há 42 anos, o personagem dança forró pé de serra com a ‘parceira’, demonstrando desenvoltura e divertindo os espectadores em frente ao Coreto da Marluce, espaço que também faz parte da cidade cenográfica. 

Diferentemente do Virgulino Prateado e da Dama Borboleta, que são artistas profissionais e recebem algum tipo de remuneração para performar, Calixto faz questão de afirmar que não ganha um tostão pelas apresentações. “Brinco porque gosto de forró. Não sou remunerado por isso. Nunca fui. E faço isso há mais de dez anos. Como disse, não ganho nada por isso, pois faço porque gosto de dançar, de brincar. Quanto ao público, me sinto bem de receber a atenção, o carinho, mas não sou celebridade, não”, disse o forrozeiro, aos risos.

A promotora de vendas Alexsandra Souza, de Aracaju, por exemplo, disse que já virou fã e pediu ao forrozeiro Calixto para tirar uma foto com ele, no que foi atendida prontamente. “Achei interessante [o personagem]. Muito criativo e divertido. Nunca tinha visto pessoalmente; só pela televisão. Acho um modo bem diferente e descontraído de mostrar nossa história e tradições”, avalia Alexsandra.

País do forró

Este ano, o Governo de Sergipe preparou para os festejos juninos no estado uma programação com mais de 30 dias de festa. Na capital, a festa acontecerá em cinco pontos: Arraiá do Povo, na Orla da Atalaia, Rua São João, Gonzagão, Centro de Criatividade e 18 do Forte. No total, serão mais de 250 atrações, sendo 140 sergipanas, 40 nacionais, 60 apresentações de quadrilhas juninas e 40 trios pés de serra.

A programação dos festejos juninos realizada pelo Governo de Sergipe tem o patrocínio do Banese, Deso, Maratá, PagBet e Eneva, e apoio da Energisa e MOB.