A artista era pernambucana, mas adotou a cidade Areia Branca como terra natal. Ela faleceu em 2020, aos 73 anos, vítima de infarto. O coreto está na área externa do Arraiá
A Vila do Forró, área externa do Arraiá do Povo, tem reunido centenas de pessoas desde a abertura dos festejos, em 1º de junho. A cidade cenográfica com casas coloridas, igreja e coreto, tem despertado boas lembranças aos visitantes. O coreto recebeu o nome da cantora Marluce (in memorian), que fazia dupla com o esposo Zé Rosendo. No passado, muitos discursos eram realizados no espaço. As bandas e filarmônicas se apresentavam nos coretos, que são uma uma forma de construção que ainda preserva esses elementos urbanísticoss. Os coretos tiveram grande importância até o fim da década de 1960. Sua arquitetura básica é composta de planta circular, elevado em alvenaria e cobertura.
O objetivo de ter um coreto ao ar livre na Vila do Forró é guardar o romantismo do tempo em que as praças eram o ponto central dos eventos da sociedade. Diariamente, o espaço recebe os trios pé-de-serra. Neste domingo, 18, apresentou-se ‘Os Brasas Nordestino’, mas já passaram por lá ‘Jacaré e Trio Pantanal’, ‘Fonseca Sintonia’, ‘Trio Capitãs do Forró’, ‘Gaúcho do Acordeon’, ‘Pé Quente do Forró”, entre outros.
Lembranças
A aposentada Alcina Dutra Loureiro Novaes visita o Arraiá do Povo pela primeira vez e estava encantada com tudo que viu. “Parece uma cidade pequena, com ruas e casas bonitas e alegres. Esse coreto é uma preservação da memória de uma grande cantora e de um tempo que não volta, porque é difícil encontrar algo assim hoje em dia”.
Alcina lembra que tem boas histórias do coreto da cidade de Valença, no Rio de Janeiro. “Me fez recordar minha adolescência, mas as histórias são impublicaveis”, disse sorrindo. Ela circulou por todo o Arraiá do Povo, mas preferiu ficar no coreto. “Gosto do forró tradicional e pé-de-serra. Então esse é meu local preferido”.
O casal Jeane e Derivaldo Macena estavam no coreto relembrando a época que se conheceram. Há 10 anos estão casados graças ao reencontro no coreto da praça matriz, do município de Capela. Derivaldo Macena recorda que Jeane foi sua aluna em 1994. “Cada um segue sua vida e depois nos reencontramos em 2013, na praça Matriz, em frente ao coreto. Chamei ela para dançar, era a época da festa sarandaia e tinha uma banda tocando. Demos o primeiro beijo e isso levou ao namoro e ao casamento. Hoje temos uma filha de oito anos”. Juntos com a filha. o casal visitou pela primeira noite o Arraiá do Povo. “Estamos aqui rememorando o que já curtimos por muitos anos. Estamos gostando muito, principalmente por ser uma festa tranquila”, disse Jeane.
A aposentada Denise Samico visita pela terceira vez o Arraiá do Povo. “Vim hoje com minha cunhada e filha. Em outro dia estive aqui com o esposo e em outra data com a neta, mas adianto logo, pretendo vir mais vezes, porque está maravilhoso e atende a todos os públicos: Quem gosta de forró tradicional, eletrônico, além de ter a oportunidade de ver uma linda decoração, as bandas, trios pé-de-serra, folclore, quadrilhas e tudo isso com segurança. Não devemos a ninguém em qualidade de festa. Tenho orgulho de dizer que essa festa acontece em Sergipe”, destacou Denise.
Ângela Samico nasceu em Frei Paulo e em 1964 veio morar em Aracaju. De sua cidade natal ela guarda ótimas recordações do coreto instalado na praça matriz. “Em Frei Paulo até hoje o coreto é ativo, continua lindo e bem estruturado. Quando tem festa na cidade, tem apresentações por lá. Eu era criança quando assistia às apresentações e o Coreto Marluce me fez relembrar dessa época”.
Ela também tem boas histórias para contar do coreto da praça Fausto Cardoso, na capital sergipana. “Em 1964 vim morar em Aracaju, eu tinha oito anos. Passei minha adolescência também aqui. Era uma época de cinema no centro comercial, o Cine Palace era o que eu frequentava. Não existiam muitas opções de lazer, então a paquera acontecia depois do cinema, na praça Fausto Cardoso, que tinha o coreto. Era lá que a gente trocava uns beijinhos”, relembrou.
Coreto da Marluce
Marluce era uma cantora de forró, do município pernambucano de Arco Verde, mas adotou em 1991 a cidade sergipana de Areia Branca como sua terra do coração, recebendo inclusive o título de cidadã areiabranquense. Ela era chamada de rainha do forró e ficou conhecida por grandes sucessos, um deles: ‘Quero ver meu bem’.
Teve três filhos (Reginaldo, Marcos e Luciana) com o sanfoneiro Zé Rosendo, com quem foi casada mais de 40 anos e com ele também fez dupla por muito tempo, cantando e alegrando o povo sergipano com muito forró. Marluce e Zé Rosendo se conheceram em Brasília, numa festa de forró promovida pelo irmão de Marluce.
A cantora era acostumada a cantar numa banda de músicas de Elis Regina e Taiguara, teve contato com o forró por meio de Rosendo, que a levou para seus shows, e assim seguiram juntos, sempre com um repertório recheado de músicas de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Trio Nordestino.
Casados, os dois começaram a fazer shows pelo Brasil, particularmente no Nordeste durante as festas juninas. Nos anos 1980 começaram a se apresentar nos festejos de Sergipe, até que no começo dos anos 1990 decidiram morar no estado. Marluce faleceu em 2020, aos 73 anos, vítima de infarto e foi sepultada em Areia Branca.
País do forró
Este ano, o Governo de Sergipe preparou para os festejos juninos no estado uma programação com mais de 30 dias de festa. Na capital, a festa acontece em cinco pontos: Arraiá do Povo, na Orla da Atalaia, Rua São João, Gonzagão, Centro de Criatividade e 18 do Forte. No total, serão mais de 250 atrações, sendo 140 sergipanas, 40 nacionais, 60 apresentações de quadrilhas juninas e 40 trios pés de serra.
A programação dos festejos juninos realizada pelo Governo de Sergipe tem o patrocínio do Banese, Deso, Maratá, PagBet e TAG, e apoio da Energisa e MOB.